27 de maio de 2008

Visita do governador foi feita no dia errado e quem deveria reclamar, não protestou

O posto do programa MinasFácil foi inaugurado apenas uma semana depois da ‘visita’ do governador Aécio Neves. Na véspera, aconteceu o importante (e por que não dizer ‘implorante’) seminário para discutir a futura legislação mineraria do estado de Minas Gerais. Estava prevista a vinda do secretário da Fazenda de Minas Gerais Simão Cirineu, indicado por Aécio Neves para o cargo e denunciado pela Polícia Federal na Operação Navalha. Ele seria o contato da Gautama, a construtora envolvida no caso de corrupção relacionados à contratação de obras públicas feitas pelo governo federal e que as acusações levaram à queda do ministro de Minas e Energia Silas Rondeau, com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) do Ministério da Fazenda para para a liberação de recursos em favor de obras da empreiteira, segundo relatório da Polícia Federal.

Nosso governador só apareceu, no dia seguinte, para o evento – na minha opinião de menor expressão – da inauguração do novíssimo Centro Administrativo e roubou a cena, afinal as manchetes de jornais municipais citavam enfaticamente a visita de Aécio acima dos benefícios que o agrupamento de diversos serviços públicos poderia trazer.

As obras do Centro Administrativo estão próximas aos R$ 5 milhões – custando mais que meu quarteirão inteiro somado ao sítio do meu avô – e trouxeram também a derrubada de árvores ciliares do rio Muriaé, verba para reforma do Ginásio Poliesportivo Rodrigão – usado para JEMG e palanques políticos, e R$ 1 milhão para asfaltar as vias públicas de nossa cidade com baixo índice de permeabilidade. Colocar o calço, mesmo que de blocos, melhoraria bastante e garantiria maior infiltração de água no solo da zona urbana.

Aliás, as únicas manifestações realmente válidas foram dos manifestantes contra o corte de árvores não apenas atrás da rodoviária, mas por toda a cidade. As crianças das escolas estaduais provavelmente foram instruídas a abafar o apitaço, sem muito sucesso. Os políticos fizeram a vista grossa, mas certamente afetou o ego e 'manchou' o período pré-eleitoreiro.











A fotografia foi tirada na tarde da segunda-feira, véspera da visita. Os trabalhadores, convocados de última hora, apressadamente terminam de embelezar nosso feinho terminal rodoviário para recepcionar Aécio e sua comitiva. Quando o poder público quer, ele faz... Pena termos que esperar a visita do nosso governador, que nem mineiro é, para pôr ordem na casa. Ah,sem contar os lugares 'nada a ver' que foram pintados com cal, como os canteiros frente ao Mar Center 'Shopping'.

5 comentários:

Anônimo disse...

árvores ciliares? Infiltração de agua em rua de pedra ou asfalto?
Vc ta fumado??

Carlos Maestre disse...

Caro anônimo,

a intensa impermeabilização dos nossos espaços livres de edificação, tanto públicos como privados, é responsável pelas enchentes, formação de ilhas de calor e a baixa qualidade de vida nas nossas cidades. A possibilidade de uso de materiais que permitam maior percolação da água nas vias e calçadas forneceria melhores condições ambientais aos núcleos urbanos. Entre elas o nível de permeabilidade do solo. Se o senhor não sabe, todo material possui um nível de permeabilidade, e no caso do asfalto, esse nível é muito mais baixo.
Esse é um dos motivos de tantas enchentes na cidade de São Paulo, pois lá, não existe nada que impeça qualquer morador ou político de socar concreto ou asfalto no chão.
Não sou contra o asfaltamento das ruas da cidade, mas acho que as coisas tem que ser bem planejadas. Já que nossa rede de pluvial e de esgoto não suportam o escoamento de água da cidade, creio que uma selva de pedra não ajudaria.

Carlos Maestre disse...

Pra te ajudar, parte da legislação de muitos municípios sobre USO E OCUPAÇÃO DO SOLO:

Para os efeitos desta Lei ficam definidos índices, coeficientes, taxas, recuos, afastamentos e altura máxima de edificações que passarão a nortear todas as edificações no Município de Pará de Minas a partir da sua vigência, buscando a ordenação da ocupação do solo de maneira a garantir a melhor ambiência, salubridade, urbanismo e tornando mais livre a criatividade arquitetônica, fatores essenciais a uma cidade moderna e com boa qualidade de vida:

I – Coeficiente de aproveitamento do terreno: define a quantidade máxima de metros quadrados que poderão ser edificados no terreno – METRAGEM QUADRADA MÁXIMA = ÁREA DO TERRENO X COEFICIENTE;

II – Índice de permeabilidade: define a faixa do terreno mínima que deverá ficar livre de qualquer obstáculo para a natural permeabilidade das águas, garantindo melhores condições ambientais com a alimentação do lençol freático e a conseqüente redução da demanda por vazão na rede pluvial;

III – Afastamento: define a distância livre de edificação entre as divisas laterais e de fundo até a construção;

IV – Altura máxima: define a altura máxima permitida para edificação independente do número de pavimentos, medida a partir do ponto mais baixo do greide da rua até a última laje da edificação ou o ponto mais baixo da cobertura ou telhado do último pavimento. Considera-se como pavimento qualquer fração da edificação destinada às instalações empresariais, residenciais, de lazer e outros, inclusive a chamada cobertura;

V – Recuo frontal: define a distância livre de edificação entre o alinhamento do terreno com o logradouro até a construção medida em linha perpendicular;

VI – Taxa de ocupação: define a razão entre a projeção da construção e a metragem quadrada total do terreno, a saber:

TAXA DE OCUPAÇÃO = PROJEÇÃO DA CONSTRUÇAO EM M² X 100
METRAGEM TOTAL DO TERRENO EM M²

Carlos Maestre disse...

E pra você dormir feliz:

Mata ciliar é a formação vegetal localizada nas margens dos nos, córregos, lagos, represas e nascentes.

arte da água, seja proveniente de chuvas, de rios, de lagos, ou derretimento da neve, infiltra-se no solo ocupando, juntamente com o ar, o espaço entre os fragmentos que o compõe. Esta água constitui o chamado lençol freático. O lençol mais profundo de água é denominado lençol artesiano. Para a extração da água dos lençois subterrâneos, freáticos ou artesianos, são utilizados poços rasos ou poços profundos respectivamente.

Normalmente, o lençol freático vai penetrando no solo até se deparar com um maciço rochoso ou com um solo quase impermeável, como um solo argiloso, onde pode se depositar ou servir de leito para a assim chamada água subterrânea, que é um fluxo de água sob o solo, que ocupa todos os seus espaços vazios.

Anônimo disse...

Agora você falou certo, "mata ciliar" e não "árvores ciliares", as árvores podem sim fazer parte de uma mata ciliar.
Sei que todo material tem sua permeabilidades, e que um calçamento é mais permeável que um asfalto. Mas essa diferença de permeabilidade não acredito ser significativa a ponto de determinar uma enchente. No caso citado por você, de São Paulo, se todas as ruas fossem calçadas o problema continuaria. Sabe porque? Porque o problema não é o tipo de material usado e sua permeabilidade, e sim a extensão da aplicação desse material, a proporção entre áreas com materiais muito pouco permeáveis (asfalto e calçamento) e áreas com boa permeabilidade (matas, terrenos vegetados, com solos mais arenosos. Tudo isso junto com a falta de planejamento urbano vira um caos!